Digna Engenharia, Diosa e Ecolar são destaques do Lab Habitação: Inovação e Moradia

20/12/2018

✓ Realizado pela Artemisia e Gerdau, em parceria com o Instituto Vedacit, Grupo Tigre e Grupo Eternit, o Lab Habitação: Inovação e Moradia selecionou e apoiou 14 negócios de impacto social para uma jornada de cinco semanas de aceleração. Entre os participantes, as startups Digna Engenharia, Diosa e Ecolar se destacaram e foram premiadas com capital-semente de R$ 10 mil, além de mentorias extras.

✓ A Digna Engenharia atua com reformas em regiões periféricas de Campo Grande 
(MS); a Diosa conduz a intermediação de serviços de reformas residenciais e consertos feitos por mulheres; e a Ecolar constrói casas ecológicas de baixo custo – a partir de lixo plástico – para famílias que vivem em situação de vulnerabilidade. 

Centro das principais agendas sociais globais, a moradia é um tema essencial para a erradicação da pobreza. Pelo caráter transversal – a habitação influencia a qualidade de vida, saúde, segurança, educação e condições para o desenvolvimento humano – se tornou uma temática essencial para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU). No Brasil, 7,7 milhões é o déficit de moradias, que impacta a vida de 33 milhões de brasileiros; 45% da população não tem acesso a serviços de saneamento básico; 8,3 milhões moram em áreas de risco de desastres naturais; 40% dos domicílios brasileiros são considerados inadequados, ou seja, sem coleta de lixo, rede de esgoto e água, ventilação e iluminação adequados. Olhar para esses desafios e enxergar oportunidades para desenvolver negócios de impacto social inovadores e lucrativos é a característica que norteia a atuação de Evelin Mello e Alex da Silva Oliveira (Digna Engenharia); Larissa Blessman e Maíra Russo Peres (Diosa); e Fernando Teles (Ecolar). Os três negócios são destaques do Lab Habitação: Inovação e Moradia, conduzido pela Artemisia e Gerdau, em parceria com o Instituto Vedacit, Grupo Tigre (por meio do Instituto Carlos Roberto Hansen, braço social da empresa) e Grupo Eternit.

Para o Lab Habitação: Inovação e Moradia, as organizações mapearam empreendedores de todo o Brasil – fundadores de negócios de impacto social inovadores e alinhados aos temas acesso à moradia de qualidade; acesso a microcrédito habitacional; reformas habitacionais; empregabilidade na construção civil; gestão de condomínios de habitação popular; água e saneamento; energia; infraestrutura e melhoria de espaço público; e inovação na construção civil. A metodologia – desenvolvida pela Artemisia, organização pioneira no apoio a negócios de impacto social no Brasil – foi planejada para potencializar soluções com protótipo desenvolvido – em fase de validação da proposta de valor e modelo de negócio – que tivessem potencial e intencionalidade para gerar impacto social positivo. 
 
Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, o sonho de contribuir para que 100% dos brasileiros possam viver com dignidade e poder de escolha passa pelo apoio a iniciativas empreendedoras no setor de habitação, sendo forte a convicção de que os desafios ligados à temática constituem oportunidades para que negócios de impacto social sejam desenvolvidos. “Quando analisamos os componentes que formam uma vida digna e segura, a questão habitacional se mostra intrinsecamente ligada à qualidade de vida e à saúde da população. No Brasil, embora a maioria das ações do poder público se concentre na construção de novas unidades, o problema da qualidade das casas é duas vezes maior. É preciso olhar para o contingente de pessoas vivendo em condições inadequadas; situação que impacta milhares de famílias em questões como autoestima, absenteísmo e na frequência escolar, por exemplo. Tornar uma casa insalubre ou irregular em um ambiente seguro, confortável e saudável representa uma faísca de transformação, que impacta positivamente pessoas, famílias e o bairro como um todo”, analisa a executiva, acrescentando que os 14 negócios selecionados e apoiados no programa têm soluções inovadoras e viáveis, relacionadas diretamente às dores de moradia que afligem a população de baixa renda. “Estamos orgulhosos dos avanços dos empreendedores nesse curto período de tempo e da forte conexão criada pelo grupo, que estão, inclusive, pensando em maneiras de unirem suas soluções e ampliar ainda mais o impacto social no setor”, completa.
 
De acordo com Marcos Faraco, diretor-executivo da Gerdau Aços Brasil, o objetivo do programa foi unir grandes organizações do setor da construção civil com um propósito em comum: fortalecer uma nova geração de startups de impacto social, com soluções que apoiem os desafios da Habitação para população de baixa renda. Projeções mostram que, em 2030, teremos 40% da população mundial, vivendo em moradias precárias. “É de suma importância apoiar iniciativas que deem suporte aos empreendedores que estão desenvolvendo produtos e serviços com potencial para mudar essa realidade”, afirma. O executivo acrescenta: “grandes desafios demandam soluções inovadoras e escaláveis, por isso, foi tão gratificante e significativo identificar e apoiar startups de impacto social, que podem transformar a vida de milhares de brasileiros, trazendo dignidade e qualidade de vida.”

Os negócios de impacto social que integraram a primeira turma do Lab Habitação: Inovação e Moradia são, em ordem alfabética, Digna Engenharia, Diosa, Ecolar, Enguia, Estar Urbano, Favelar, Melbourne, Módulo Sequência, Mosaic Sensors, Pro4rq, Repagina.Me, Solo Plásticos, Trinques e Urbit.

DESTAQUES

DIGNA ENGENHARIA | Campo Grande (MS) | facebook.com/dignaengenharia
Fundada pelos engenheiros civis Evelin Mello e Alex da Silva Oliveira, a Digna Engenharia faz reformas em habitações localizadas em regiões periféricas de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Com a atuação, reduz condições de insalubridade, promove saúde e amplia o acesso da população de menor renda a reformas profissionais. Segundo Evelin, a motivação veio da própria experiência. “Por ser moradora de periferia e estudar a adoção de técnicas alternativas para a restauração de habitações de pessoas em situação de risco social, pude desenvolver uma solução de reforma estrutural, cujo orçamento do serviço é flexibilizado de acordo com a realidade do cliente”, afirma, acrescentando que o modelo de receita está baseada na venda direta do serviço, tendo 30% de lucro sob o valor da reforma. As formas de pagamento são cartão de crédito ou espécie: 30% do total na entrada e saldo em até cinco parcelas no carnê. Em seis meses de atuação, a empresa já contabiliza quatro obras realizadas, 10 contratos firmados e possui fila de espera de 20 pessoas. 

No Brasil, 40% das moradias brasileiras são consideradas inadequadas – dado que, além de problema, representa oportunidade para empresas focadas em reformas e construções de baixo custo; e moradias móveis para a comunidade em situação de risco. É nesse contexto que se insere a Digna Engenharia.

DIOSA | Porto Alegre (RS) | http://diosa.com.br/
Fundada há dois anos por Maíra Peres e Larissa Blessmann, a Diosa é um market place online que conduz a intermediação de serviços de reformas residenciais e consertos feitos por mulheres. Na prática, amplia as possibilidades de aumento de renda feminina e promove possibilidades de desenvolvimento para prestadoras de serviços de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Segundo Maíra, a motivação para desenvolver o negócio de impacto social veio de uma experiência ruim ao contratar um profissional homem. “As mulheres conhecem de perto o desafio e o risco de receber um desconhecido para fazer uma pequena obra dentro de casa. No Brasil, 94% das mulheres já sofreram assédio verbal e 77% assédio sexual, situação que gera uma sensação de insegurança muito grande”, afirma. Larissa acrescenta a importância de poder escolher. “As mulheres podem contar com uma plataforma que divulga e intermedia a contratação de mão de obra feminina de manutenção geral de residências. Poder escolher é essencial”, salienta, acrescentando que outro do impacto social é a empregabilidade: na construção civil há 250 mil mulheres, sendo 70 mil autônomas. Desde o seu início, o negócio já atendeu mais de 440 solicitações; o modelo de negócio está baseado em uma porcentagem de 24% cobrada do cliente. O tíquete médio é de R$ 1.000,00. 

ECOLAR | São Paulo (SP) | www.mangalo.org.br/ecolar
Fundada por Fernando Teles, a Ecolar atua com a construção de casas ecológicas de baixo custo. Voltada à população de menor renda que vive a indignidade de habitar residências insalubres, a casa desenvolvida pelo negócio de impacto social usa como matéria prima material reciclado e sustentável. “Adotamos as tecnologias Wood Frame e Modular, pouco difundidas no Brasil. As placas usadas nas casas são feitas a partir de embalagens ‘longa vida’ e plásticos reciclados”, afirma. As casas têm 20, 30 e 40 metros quadrados, com custo de R$ 14 mil, R$ 20 mil e R$ 26 mil, respectivamente. Os resultados iniciais contabilizados são 1 milhão de embalagens recicladas; e 25 ecolares construídos.

No país, o déficit habitacional é de 7,7 milhões de moradia; milhões de pessoas sentem diariamente a falta de dignidade, segurança, saúde, perspectiva de futuro. Do outro lado, o problema ambiental é igualmente preocupante. Nesse contexto, a Ecolar criou como solução casas modulares de baixo custo; um produto que apresenta agilidade na montagem, durabilidade, segurança, além do impacto ambiental positivo. O empreendedor afirma que a meta é desenvolver novas parcerias com empresas para construir 500 ecolares nos próximos cinco anos e desenvolver um projeto de ecolares em formato de vilas. “Transformar a vida das pessoas, contribuindo com o meio ambiente”, afirma.

LAB HABITAÇÃO: INOVAÇÃO E MORADIA | 

Para fortalecer soluções de impacto social que ajudem a tornar as moradias de milhares de brasileiros mais salubres, dignas e confortáveis, Artemisia e Gerdau – em parceria com o Instituto Vedacit, Grupo Eternit e Grupo Tigre (por meio do Instituto Carlos Roberto Hansen, braço social da empresa) – desenvolveram o Lab Habitação: Inovação e Moradia. O programa de aceleração de curto prazo selecionou 14 negócios de impacto social com soluções inovadoras no setor de habitação para uma jornada de cinco semanas. Ao longo do processo, uma programação composta por workshops presenciais e webinares encontros online) com foco no refinamento do modelo de negócio e do impacto social das soluções.  
 
Entre os critérios de seleção, o impacto social (negócios que ofereçam produtos ou serviços para resolução de questões relacionadas aos desafios da moradia com foco na melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda); perfil(empreendedores com intenção genuína de mudar o Brasil, com histórico de realizações e capacidade para atrair talentos e desenvolver equipe consistente; potencial de escala (modelos de negócio lucrativos que ofereçam soluções que possam ser escaláveis e com potencial de atender milhares de pessoas das classes C, D e E); estágio de maturidade (startups com protótipo ou produto/serviço desenvolvido, que estão em fase de validação da proposta de valor e modelo de negócios); e potencial de inovação (capacidade de entregar soluções inovadoras com potencial de promover qualidade de vida para população de baixa renda brasileira por meio de soluções em habitação).  
 
A busca privilegiou startups alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Erradicação da Pobreza (ODS 1); Água Potável e Saneamento (ODS 6); Energia Acessível e Limpa (ODS 7); Indústria, Inovação e Infraestrutura (ODS 9); e Cidades e Comunidades Sustentáveis (ODS 11). Foram mapeadas soluções alinhadas às temáticas: acesso à moradia de qualidade; acesso a microcrédito habitacional; reformas habitacionais; empregabilidade na construção civil; gestão de condomínios de habitação popular; água e saneamento; energia; infraestrutura e melhoria de espaço público; e inovação na construção civil.
 
Os empreendedores selecionados passaram por um processo de potencialização com base na metodologia exclusiva de aceleração de curto prazo da Artemisia, tendo acesso à curadoria de ferramentas e conteúdos; conexão com outros empreendedores do setor; e mentorias com especialistas em negócio, impacto social e habitação. Entre os mentores, estarão algumas das altas lideranças das empresas correalizadoras do programa. O objetivo foi que os participantes saíssem do programa com maior clareza sobre os próximos passos do próprio negócio para avançarem no desenvolvimento de aspectos fundamentais e estarem mais preparados para crescer e gerar impacto social no setor atuante. Os empreendedores que concluíram o programa também passam a fazer parte da Rede Artemisia.